segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Não!

Não tente me entender. Eu sou muito mais que toda essa constelação. E bem menos que a gota de orvalho sobre a brancura da rosa matinal. Sorriso de raios solares. Mas eu não tenho olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Eu só queria ser uma cigana de dente dourado brega e saia estampada na canela. Melhor dourado do que preto. Cigana gosta de fogueira à noite. É brilhante. Reluzente. Quente. Esse lenço na minha cabeça tá quebrando meus cabelos. Mas de que serve os cabelos da cabeça vazia? Corte logo vá! Doe pra quem tem câncer. Lá no hospital agora deve tá uma solidão só. Uma televisãozinha ligada, dizendo o que mesmo? Dizendo que o sertão vai virar mar, que o mundo vai acabar e os pingüins estão sem moradia. Coitados, com o desemprego, não pagaram o aluguel. E você? Peça logo seu perdão. Pague suas contas. Não atrase não. Acabe com essa peste logo. E lentamente consiga ser você. Porque eu... você nunca descobrirá. Nem ninguém. Eu engoli a chave. E isso é exatamente como eu não poder pegar seu celular pra ver seus segredos. Os meus estão dentro de mim. Tome meu celular. Tire a bateria. Faça o que quiser. Apague minhas mensagens. Elas estão na memória. Os números mais importantes? Não se preocupe, eu decorei! Futuque meu diário. Será que você consegue mesmo abstrair e entender a minha subjetividade? Abra meu guarda-roupa. Meu estilo não é esse. E por mais que você me procure, eu nunca estarei lá. Ninguém consegue me achar quando eu estou na companhia dos meus botões. Adoro botões grandes, brancos, redondos e com dois furinhos. São muito fashion. Mas eu não tenho deles no meu guarda-roupa!

Bruna Lima Feitosa

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