segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Pulgas

Sabe aquele banho de chuva que lava a alma? É disso que eu preciso. Porque eu estou muito farta dessa podridão toda. Vá, escove seus dentes logo. Antes que essa cárie corrosiva não te deixe dormir em paz. Essa cárie vai apodrecer aos poucos sua integridade. Goste de olhar pras suas idéias. Formule suas teorias. Invente seu cardápio light com fritas. Porque eu dou língua e dedo pra tudo. Mas nunca aponte. Faça um círculo. E só deixe entrar essas pessoas mesmo. Pra que mais? Jogue esse papel amassado no lixo. Mas é agora. Pegue esse trem sem rumo. E pense no círculo. Vá e volte. Mas traga dinheiro. Traz um pacote. Traga neurônios coloridos, não muito verdes, mas clorofilados. Traga pedrinhas brilhantes e jogue-as na fonte para fazer pedidos. E peça pra não ser esse hipócrita. Peça pra ter a capacidade de sonhar. Coceira infernal no pescoço. Deve ser essa coleira. Menina, vai tirar essa maquiagem. Não mãe, deixa eu dormir igual a todos. Pensando que sou isso mesmo. Deixa eu usar isto no baile de carnaval. É tão bonita. Esses brilhos dourados... Só dá desgosto ver a purpurina caindo. Como esses dias inúteis. Como o cachorro correndo atrás do próprio rabo. Ai quantas pulgas. Junta as pulgas e a coleira e minha pele fica toda ardida. Ensangüentada. Chuva, água. Limpo.

Bruna Lima Feitosa

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