E as mãos dadas e o pôr-do-sol foram adiados mais uma vez. Até quando a espera pelos inebriantes vazios e frios na barriga que o amor nos dá? Eu não sei. Eu não sei. Eu vejo a vida melhor no futuro. Eu vejo um futuro pacato. Uma angústia, uma angústia. Aquelas fotos no lixo. Lixeiro cinza. Os cd's tocando o que você havia me falado. E agora? Eu não pus meu nome no cd! Será que eu pus meu nome nos seus cílios? O seu nome está mesmo aqui no meu ouvido. Zunindo. E como eu não me lembraria dos tocos dos pêlos nascendo sobre o seu lábio superior? E o roçar do seu braço no meu? Lembrando-me sempre que você está aqui, me prendendo, me olhando, me amando. Não, eu não quero mais! Inquilino. Mas como vou conviver com meu perfume, se é o seu cheiro? Seu suor já transpira minha alma. E seus olhos transparecem a minha dor. E essa porra de relatividade! Esse raio de inconstância. Essa dúvida. Medo na epiderme. Vermelho nas unhas dos pés. Unha da mão caindo. E os 21 dias caindo no esgoto da avenida central. E essa nostalgia. Orgulho. Ai que raiva dessa caneta soltando tinta. Os olhos derramando tinta. Essa tinta preta que esconde a inocência dos meus dias; e revela a chama do poder que essa mulher tem. Eu não gosto mesmo de pressão. Eu não corro atrás do que quero? Tá certo. É isso mesmo que eu queria que você pensasse. Tá tudo certo. Não há mais mãos. E eu prefiro pensar que seus cabelos estão ressecados. Que o meu coração tá seco. Mas eu estive mesmo apaixonada. No diminutivo. Eu estive mesmo pensando sua face todos esses dias. E não sei até quando.
Bruna Lima Feitosa
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
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5 comentários:
uaw (!!)
pow bruninha, parabéns, seus textos são ótimos... cada dia eu me surpreendo mais com vc...
bjuss
Adorei o gêmero tragi-cômico que utiliza nos textos. Os fatod diferentes e separados por frases curtas remetem a um trágico cenário e a uma atmosfera cômica típica de quem está perturbado mentalmente, prestes a mergulhar numa loucura, tudo por causa de um amor perdido. Surrealismo, pois loucuras remetem a coisas anormais e exageradas, típicas de uma mente em desacordo com o real.
Parabéns.
meu nome è Ramon, vc não me conhece mas eu sou amigo de jamilly, ela é minha professora.Gostei muito do seu texto, pretendo ser um escritor com pelo menos um terço do que vc é.
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